Galpão...
Templo quinchado pras inverneras da pampa
Pedaço de história , de tempos já esquecidos...
De homens que ali viveram, contaram causos,
Chimarrearam, e adormeceram pra vida.
Homens da lida, das coisas simples do pago...
Que do lombo de seus cavalos, fizeram nosso este chão.
Galpão...
Da picumã na “cunheira”...
Do fogo grande aonde o angico braseia
E a trempe de pernas longas, embala uma velha panela preta...
Sobre uma roda de carreta,
Cuia e cambona repousam...
Parece que o tempo não passa
Neste terrunho cenário.
Ah! Meu galpão centenário...
Trincheira pra o minuano
Abrigo dos ovelheiros, da peonada pachola.
Recanto de brisa suave, nas soalheiras de janeiro...
Da figueira grande sombreando a porta
Como um poncho de asas negras
Num abraço fraternal.
Galpão do negro caseiro,
Morada de seus avós...
Dos que fizeram a mangueira
De pedra ali no canto, alicerçada a sangue e suor.
Dos gritos de dor e medo, nas horas mortas da noite,
Feitas por algum açoite de gente sem coração...
De almas que ainda vagueiam,
Clamando por liberdade.
Galpão de Pátria e saudade
De um Rio Grande que não morre.
De tauras de almas rudes forjadas de terra e campo...
Lugar que se perpetua
Pras gerações que hão de vir
Pra que conheçam e cantem as coisas da nossa terra...
Enchendo o peito de orgulho
Por ter nascido gaúcho.
( Ivonir Leher, outono, 2001)
Fonte da imagem acima: Galpão de pedra, em Herval, RS
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