quarta-feira, 24 de novembro de 2010

UM POUCO DE FILOSOFIA...


Tenho andado um pouco ausente do Blog por dois motivos: o primeiro deles é pela dificuldade de acesso à internet aqui em SGC, que é muito lenta e "irritante" e o segundo motivo, mais justificável, são os estudos. Atualmente estou terminando o primeiro semestre do Curso de Graduação em Filosofia e tenho me dedicado de corpo e alma às leituras recomendadas.

Este texto que explica porquê a coruja é a ave símbolo da Filosofia é muito interessante e por isso achei oportuno disponibiliza-lo aqui no blog.

Alguns podem estar se perguntando: Por que a Coruja é o símbolo da sabedoria e está sempre atrelada a filosofia? Se pensarmos um pouco na cultura grega, ou mais precisamente na sua mitologia, veremos que sempre acompanhada da deusa Athena está a coruja। Athena (Αθηνά) ou Palas Athená é a deusa da sabedoria e da justiça, filha do poderoso Zeus e Métis, deusa da prudência e a primeira esposa de Zeus. As aves são os seres mais próximos dos céus, logo, mais próximos dos deuses. Também é comum ver a soberana águia acompanhando sempre o portentoso Zeus, o mais poderoso dos deuses gregos.
A coruja demonstra uma alerta constante, é símbolo da vigilância, está sempre apta para sobreviver na noite e sempre atenta aos perigos da escuridão। Nas moedas mais antigas da Grécia é muito comum encontrarmos a figura desse animal tão prudente, talvez mostrando com isso que a cultura grega antiga estava sempre vigilante e a frente dos outros povos। Em grego coruja é gláuks “brilhante, cintilante”। Um dos epítetos da deusa Athena é “a de olhos gláucos”, ou seja, a que enxerga além do que todos vêem।
O filósofo alemão Friedrich Hegel em sua obra Filosofia do Direito ilustra muito bem a harmoniosa relação entre a coruja e a filosofia. Escreve ele: “A coruja de Minerva alça seu vôo somente com o início do crepúsculo”. O papel da filosofia é justamente elucidar o que não é claro ao censo comum, é alertar acerca da vida. O crepúsculo é o linear do dia pra coruja, enquanto cessamos nossas obras e nos recolhemos em nossos lares, a coruja “alça seu vôo” a trabalho. É a noite que a fascina, por isso seu nome em latim: Noctua, “ave da noite”. Não é a beleza o seu destaque, mas é a capacidade de ver o que aves diurnas não conseguem ver. Seu pescoço gira 360º, dando-lhe uma visão completa capacitando-a a ver o todo. É também uma ave de rapina, rápida na escolha, e que por vê a presa e não ser vista, sempre tem sucesso na caça, apanhando os despreparados e desprovidos que se arriscam na noite escura.
São essas as características que um filósofo deve possui. Enxergar o que outras pessoas não conseguem ver, ter uma visão do todo, ou seja, uma visão que abarque todos os ângulos da realidade. Deve ser capaz de articular os pensamentos contra seus adversários. É preciso raptar as bases dos argumentos dos oponentes. Também, deve-se raptar aqueles que estão se enveredando por caminhos de erros e por enxergarmos na noite quando outros não vêem, podemos ajuda-los e conduzi-los (pelo argumento) a desfechos virtuosos.
Sócrates é um fiel representante dessa relação coruja-filosofia, acusado de “raptar” jovens atenienses – pois enxergava a frente de seu tempo – foi condenado a morte. Diferente de Platão, também não era sua beleza que o projetava, mas sim sua inigualável sabedoria. Sócrates era mestre na argumentação, conduzia as pessoas à “darem a luz sua idéias”, ensinava nas praças e ruas, era um homem livre para expor seus argumentos que por muitas vezes ironizava o oponente. Era de fato uma figura “corujesca”, feia como uma coruja á luz do dia, mas sagaz como na noite. Que logo se levante homens de sabedoria alçando vôo na necessidade, que logo a Coruja de Minerva com seus olhos gláucos enxergue nesses dias de trevas soluções para uma vida voltada ao bem. Essa é uma das diversas correlações entre a coruja e a filosofia.

 




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