domingo, 4 de abril de 2010

NA HORA DO MATE



O sol preparava pra abraçar o campo
Tintando matizes por sobre o poente
No peito um vazio que não era saudade
Desses que machucam o coração da gente...

Há tempos que andava, buscando respostas
Pra muitas perguntas que surgem na vida
Se é que Deus existe, porque anda ausente¿
Da vida de tantos com a alma sofrida...

Cevei um amargo, pra matear solito
Na hora sagrada de se encontrar
Foi quando um Gaúcho de idade avançada
De pilcha surrada e bondade no olhar...

Entrou no meu rancho num raio de luz
Com as rédeas do mundo na palma da mão
Me deu um abraço e disse, meu filho
Escute o que eu digo com muita atenção...

Eu habito as coisas mais simples da vida
O abraço sincero de um grande amigo
Sou o sol que ilumina teu alvorecer
E hoje estou aqui, vim matear contigo...

Sou a água pura que ceva teu mate
E o verde da erva em cor de esperança
Sou o olhar dos velhos, cheio de ternura
E o doce sorriso de uma criança.

Proseamos bastante, em fração de segundos
Mas me disse coisas de uma vida inteira
Disse que habitava as léguas de campo
O fundo dos rios e as cordilheiras...

As aves do céu e os seres andantes
Nas quatro estações, ora frio ou calor
 O ciclo Terra e a seiva da vida
Era o Deus dos homens, de Paz e de Amor.


Ivonir Gonçalves Leher, São Gabriel da Cachoeira – AM, 24 de dezembro de 2009

Um comentário:

Felipe Cornel disse...

Que bela obra parceiro velho !!!! parabéns de fundamento!!!! Grande abraço