Francis Bacon e a evolução científica, da Idade Moderna aos tempos atuais...
Após estudar a obra Novum Organun de Francis Bacon entendemos a sua maneira inovadora e revolucionária de interpretar a natureza, com um olhar diferente sobre a ciência praticada na Idade Média, propondo uma ciência mais investigativa e metódica, onde a natureza devia ser estudada a fundo, transformada e dominada, para servir ao homem. Assim, inaugura uma nova forma de fazer ciência e de pensar o futuro, vislumbrando avanços científicos e tecnológicos para a humanidade. Este foi o modelo de ciência proposto pela Modernidade, porém, este modelo fundado na “natureza atormentada” (CHAUÍ, 2000, p.360) de Bacon, foi por muitos criticado e ainda é, nos dias atuais. Essa “Razão instrumental”, criticada por filósofos da Escola de Frankfurt, como Theodor Adorno, Jürgen Habermas, entre outros (CHAUÍ, 2000, p.360) acaba criando um sistema onde a ciência passa a ser utilizada para outras formas de aplicação, não mais servindo a melhorar a qualidade de vida das pessoas, mas prestando-se a interesses mais obscuros.
Estes pensadores criticaram o uso da ciência como instrumento de dominação e poder, muitas vezes manipulada pela mídia e pelos poderosos, com o intuito de explorar os menos informados. Segundo Bacon, “Ciência e poder no homem coincidem” (SELL, 2011, p. 81), mas esse uso da ciência para obter o poder, pode ser danoso para os seres humanos, onde pudemos presenciar na história contemporânea o uso de armas biológicas e nucleares para destruição em massa.
Outra questão levantada sobre o emprego atual da ciência é o seu grande poder de decisão no campo econômico mundial, onde altos investimentos nos setores bélico e tecnológico põem o planeta em alerta.
Fritjof Capra, em sua obra O Ponto de Mutação (1994), diz que Bacon defendia seu método científico baseado na “escravização” e “tortura” da natureza, com profundo rancor e fortemente influenciado pelas atitudes patriarcais utilizadas de forma repressiva em seu tempo, principalmete no período da “caça às bruxas” na Inquisição.
Mas, para nós que continuamos a presenciar esta caminhada da ciência através dos tempos, cabe agradecer a contribuição valorosa destes abnegados, que, se cometeram excessos ou foram mal interpretados pela sociedade atual, o fizeram com o intúito de transformar o mundo, retirando-o das trevas da Idade Média para a luz do conhecimento.
REFERÊNCIAS
CHAUI, Marilena. Convite à Filosofia. São Paulo: Ática, 2000.
SELL, Sergio. Discurso Filosófico II. Palhoça: Unisul Virtual, 2011. Livro didático da disciplina Discurso Filosófico II do curso de Filosofia da Unisul Virtual.
CAPRA, Fritjof. A máquina do mundo newtoniana. In: CAPRA, Fritjof. O Ponto de Mutação. 22 ed. São Paulo: Cultrix, 2001.
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