domingo, 18 de outubro de 2009

POEMA DO DIA


Pra quem foi pescar no céu


Meu companheiro, eu te mando este chasque
Pra te contar alguma coisa deste pago
Já comprei linha, umas chumbadas, anzol novo...
E uma purinha, daquelas pra um trago largo.

Já tirei isca, umas “minhoca, uns lambari”
Desde guri, aprendi a pescar contigo
Num passo largo, lado a lado, estrada a fora
Rumo ao pesqueiro, nós dois e o cusco “Amigo”.

Hoje chegando, lá na beira da lagoa
Senti no peito, uma vontade de chorar
Mirei nas águas, só meu rosto e mais ninguém
E uma saudade, me pedindo pra ficar...

O sol da tarde se escondeu, entristecido
Sentindo a ausência, de um pesqueiro vazio...
E a pedra grande, que deu nome à lagoa
Já não tem mais o pescador beirando o rio.

O velho “Salso” tá secando, companheiro
E o cusco “Amigo”, há muito tempo foi-se embora
Seguiu o rastro de quem foi pescar no céu
Dos pescadores, que não pescam mais agora...


Mas lá de cima, cuidando a velha lagoa
Sei que ainda segue, firme de linha na mão...
Que um pescador que tem na alma sua querência,
Embora ausente, trás um rio no coração.




Para Augusto Jobim, (Tio Gusto), meu tio e companheiro de pescaria, que foi pescar na lagoa grande do céu.
Do Livro De Tempo e Saudade



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