Rolando Boldrin
Rolando Boldrin nasceu em São Joaquim da Barra, interior de São Paulo, em 22 de Outubro de 1936. Aos sete anos, já tocava viola e, aos 12, formando com um irmão a dupla "Boy e Formiga", fazia sucesso no rádio de sua cidade. Incentivado pelo pai, resolveu tentar a sorte na capital, onde trabalhou como sapateiro, frentista, carregador e garçom, antes de se firmar como artista.
Estreou na carreira musical nos anos de 1960, participando de um disco da cantora Lurdinha Pereira, que logo se tornou sua esposa e produtora de seus discos. Foi pioneiro na realização de programas de televisão dedicados a musica brasileira autentica, de inspiração regional, diferenciada da musica sertaneja de consumo: Som Brasil (TV Globo), Empório Brasil (TV Bandeirantes) e Empório Brasileiro (SBT).
Seu repertório de canções caipiras reúne cateretês, toadas e modas, compondo cuidadosa seleção do que há de melhor na musica brasileira de enfoque rural. Entre sua discografia destacam-se: O Cantado, 1974; Violeiro, 1982 (em dupla com Ranchinho, Cascatinha, Corumbá e outros); Empório Brasileiro, 1984; Resposta do Jeca Tatu, 1989; e Disco da moda, 1993.
Sintetizou a experiência profissional na realização de "teatros musicados", espetáculos em que seu personagem se transforma em ator, cantador, poeta, interprete e contador de "causos": Palavrão, show com a Banda de Pau e Corda (1974), Teatro de quintal (1975), Paia... assada (1987) e Brasil em preto e branco (1993 e 1994) foram consagrados pelo publico e pela critica. No radio, criou o programa Violas de Repente, apresentado na Rádio Jornal de São Paulo (1980 e 1981) e na Rádio Globo (1982). Destacou-se também no cinema, premiado pela APCA por sua participação no filme Doramundo (1978), de João Batista de Andrade.
Atualmente, Rolando Boldrin desenvolve um projeto chamado "Vamos tirar o Brasil da Gaveta", que visa resgatar os autênticos valores brasileiros e todas as suas formas de expressão. Sr. Brasil surge como um paralelo deste projeto, já que a cultura do nosso país é o tema dominante.
Fontes: Enciclopédia da Música Brasileira
Acervo TV Cultura
Art Editora e PubliFolha
Sr. Brasil por Rolando Boldrin
"A base do programa Sr. Brasil são os ritmos e temas regionais brasileiros. E vale tudo já escrito em prosa, verso e música - e até história a ser contada.
O programa é vasto, aberto, receptivo. Ele só não se permite o que não seja genuinamente nacional.
E aí entram discussões infindáveis. Porque além do charme da metrópole, muita coisa existe para confundir a identidade brasileira, incluindo-se os interesses comerciais. Por exemplo, musica sertaneja e musica caipira.
Coisa danada pra confundir. Entenda-se por musica sertaneja de alto consumo aquela que, originária da caipira, foi se vendendo aos poucos, perdendo suas características em função do apelo comercial. Envergonhada da sua condição de matuta, botou roupa de cowboy, postura madrilena e ritmo de guarânia.
Porque simples, aberto, despojado, sem rigidez de estrutura, Sr. Brasil tem uma proposta absoluta e propositadamente fechada a exemplo dos programas anteriores de Rolando Boldrin "Som Brasil", "Empório Brasil" e outros. Aqui só entram as manifestações da cultura regional brasileira.
A idéia do projeto é não ter qualquer preconceito contra intérprete ou ritmo. Os nossos materiais são os ritmos e os temas brasileiros. Se tivermos que colocar algo, vamos colocar o nosso. Pode ser até um projeto pretensioso, audacioso. Mas é a idéia. O programa não é rígido em termos de intérprete. Onde ele se fecha e na seleção musical, repertório, na sua concepção. Na prática, o seu leque é amplo, bastante abrangente. Não é só música caipira. São as manifestações regionais. Nele cabem, o Renato Teixeira, o Milton Nascimento, o Dominguinhos, o Chico Buarque, a Diana Pequeno, uma lista enorme de pessoas que fazem um trabalho ligado á cultura popular brasileira.
Nem só isso. Entram causos, trechos de autores brasileiros- inclusive os clássicos -, dança, peças de teatro, documentários (de importância ecológica), curtas etc. Mais uma lista infindável, levando-se em conta a riqueza cultural e natural do Brasil, um país que por sua extensão e variedade, seria mais corretamente reconhecido como continente.
Mas a idéia central é de um musical. Embora tenha, em determinados momentos esses vários temas. É um velho no interior de Minas que crava viola à mão. Mas ele também canta. Quer dizer, uma informação que se insere na proposta do programa."
"Não há país no mundo igual ao Brasil. Somos a mistura mais maravilhosa da Terra."
Rolando Boldrin
FONTE SITE DA TV CULTURA
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